segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Chuvas não foram suficientes para mudar situação de escassez do Rio Muriaé


Os 60 milímetros registrados em Itaperuna (RJ) na noite desta quinta-feira (22) foram bem vindos, mas não são suficientes para mudar a paisagem e a situação de escassez hídrica do rio Muriaé, que agoniza há vários meses e é causa de preocupação da população de várias cidades de Minas e Rio de Janeiro, que dependem do rio para o abastecimento.

O secretário municipal de Defesa Civil e Ordem Pública de Itaperuna, Ronaldo Souza Ramos, e o secretário municipal de Defesa Civil e presidente do Conselho de Gestores do Norte e Noroeste Fluminense, Gláucio Mansur, se reuniram na última quarta-feira (21), na sede da Secretaria Civil de Itaperuna, para tratar de assunto de enorme preocupação de toda população, a seca que persiste em toda região.

Seguindo acompanhamento hidrológico, de 15 em 15 minutos, através do pluviômetro eletrônico, é concluída pequena oscilação no rio Muriaé. A última chuva, antes desta quinta-feira (22), foi registrada no município e nas cabeceiras no dia 7 de setembro do corrente ano, desde então, a cota de chuva é zero e como efeito os níveis são os mais baixos registrados nos últimos anos. Durante esta semana, a cota do rio Muriaé em Itaperuna tem registrado em média 1 metro e meio, a cota de atenção é de dois metros e meio, de alerta é 3 metros e 90 centímetros, e a de inundação é de 4 metros e meio.
Em Itaperuna, a visão que temos do rio Muriaé é desoladora, em vários pontos são vistas pedras e apenas filete de água. Ronaldo Souza Ramos, destaca que estamos atravessando um momento preocupante e a população precisa compreender e contribuir para amenizar a seca.

– De 1953 para cá nunca tivemos uma seca como a atual em Itaperuna nem na região. Percebemos que a população está preocupada, passamos pelo rio e só vemos pedras. Não sabemos até que ponto vai chegar. Cada cidadão tem que se conscientizar não lavando calçadas e evitar outros desperdícios d’água, e seguir as orientações que estão sendo dadas nos meios de comunicação – lembrou o secretário.

O município de Porciúncula se assemelha a Itaperuna quando o assunto é estiagem. Gláucio Mansur, que além de secretário de Defesa Civil é presidente do Conselho de Gestores do Norte e Noroeste Fluminense, alerta toda população e os governantes sobre o período que estamos atravessando e o que pode ser feito.

– Acredito que a crise está instalada e pouco os governantes se sensibilizaram. Agora, atribuindo responsabilidades ao ser humano, está havendo descuido, desmatamento, poluição nos rios, e a resposta está aí. A natureza é sábia e começou a nos advertir desde 2013. Precisamos, urgentemente, sensibilizar a população a assumir uma postura de não desperdício e aos governantes para que façam investimentos em recuperação de mananciais. Não é só falar, não é só colocar no papel, precisamos de ação – afirmou Gláucio.
Estiagem causa morte de peixes
A consequente queda no volume de águas nos rios e o aumentando a poluição tem provocado a mortandade de peixes. Em Carangola (MG), recentemente, moradores do município foram surpreendidos com o fato. Segundo o Serviço Municipal de Saneamento Básico e Infraestrutura daquele município, (Semasa), o motivo da mortandade ainda não pôde ser confirmada, mas tudo leva a crer que a baixa oxigenação da água seja a causa mais provável.

Gláucio Mansur, contou que durante acompanhamento nas cabeceiras e na Zona da Mata mineira, ficou surpreso com a quantidade de peixes que estão morrendo.

– Quanto menos água, maior é a poluição. Inúmeros peixes estão morrendo e isso está registrado. Portanto, o baixo o volume de água representa menos oxigenação e a morte de peixes, além de outros problemas, como mais dificuldade na captação e tratamento da água, o que pode resultar em maior custo para o consumidor e até risco para a saúde do ser humano. Devemos ficar atentos com essas possibilidades – finalizou o secretário.
Dados geográficos

O Rio Muriaé nasce na Serra das Perobas a cerca de 300 metros de altitude no Município de Miraí Estado de Minas Gerais sendo que, para muitos, ele nasce da confluência de dois ribeirões: o Samambaia e o Bonsucesso ambos com nascente na mesma serra há algumas centenas de metros do local em que se encontram. A extensão do rio da nascente até a foz no encontro com o Rio Paraíba do Sul a cerca de 9 Km de Campos dos Goytacazes é de 295 km. Portanto, o rio Muriaé tem sua foz no rio Paraíba do Sul sendo um afluente da margem esquerda deste rio. O Muriaé também possui alguns afluentes ( Fubá, Preto, Glória, Gavião e Carangola) e banha 8 municípios: Miraí (MG), Muriaé (MG), Patrocínio do Muriaé (MG), Laje do Muriaé (RJ), Itaperuna (RJ), Italva (RJ), Cardoso Moreira (RJ) e Campos dos Goytacazes (RJ).

Podemos perceber que a sua bacia hidrográfica (conjunto de t
erras que fazem a drenagem da água das precipitações para esse curso de água e seus afluentes) é extensa, corta dois estados, Minas Gerais e Rio de Janeiro, atravessa inúmeras cidades, duas delas, Muriaé e Itaperuna, de médio porte e infelizmente, como ocorre em outros rios Brasil afora, sofre todo tipo de degradação, seja com a falta de mata ciliar (vegetação que ocorre nas margens de rios e mananciais) que deu lugar a pastagens, seja com o lançamento indiscriminado de todo tipo de esgoto (Industrial e doméstico) pelas cidades por onde passa. O irônico é que a população dessas cidades precisam usar a água do próprio Rio para consumo, é claro que existe todo um processo de tratamento pelas companhias de água antes da distribuição para a população.

Fonte: O Diário do Noroeste