Um caso de violência sexual que chocou a população foi o da menina Gabrielle, em Rio das Ostras. A criança chegou a ficar desaparecida durante cinco dias e foi encontrada morta em uma casa em construção, no bairro Âncora, onde ela morava com a família. O laudo apontou que a vítima morreu após ser estuprada. A causa da morte foi hemorragia na cavidade abdominal, causada pelo estupro e agressão.
Esta semana um homem foi detido no município de São João da Barra, suspeito de abusar sexualmente de duas crianças, uma de cinco e outra de seis anos. As menores teriam confirmado o crime e contaram que o homem ofereceu pipoca para atraí-las até sua residência.
A psicóloga, Edmara Carvalho Cavalcante, trabalha na área há mais de 15 anos e já acompanhou vários casos de abusos sexuais. Segundo a especialista de acordo com a faixa etária a vítima enxerga o estupro de forma diferente.
“Tem que levar em conta a idade da vítima, e perceber como é a percepção dela sobre os fatos. Quando o abuso é cometido em uma criança pequena, ela acaba carregando mais o que os adultos vivenciam da situação. É lógico que a criança consegue distinguir que machuca, que causa dor e fica assustada. Já quando a vítima tem mais entendimento fica mais complicado. Em todos os casos é necessário acompanhamento psicológico, mas neste específico, as vezes, também é necessário uma parceria com um psiquiatra. Se não tiver esse acompanhamento a vítima pode se transformar em um futuro agressor ou violador”, disse.
A psicóloga alerta que a vítima pode não ter tendência para ser um abusador, mas pode adotar comportamentos estranhos. “Geralmente tem dificuldade de criar vínculos, mas o principal é a falta de confiança no outro”, comentou.
Outro fator notório é que na maioria dos casos, abusador e vítima são pessoas próximas. O agressor tem ligação com a família ou a vítima, ou tem o mesmo vínculo familiar e, por isso, os responsáveis devem ficar atentos aos menores.
“As crianças apresentam sinais o tempo todo e o cuidador deve se alertar a isso. A criança pode voltar a fazer xixi na cama, passar a ter comportamento regredido ou comportamento erotizado para a idade, ir mal na escola e falta de apetite. Os pais de hoje em dia não estão tendo muito tempo para ser pais, e a escola acaba fazendo esse papel, pois olha com outros olhos”, explicou.
A especialista orienta como os pais devem conversar sobre esse tabu dentro de casa. “É necessário esse diálogo com as crianças, é importante explicar que é preciso contar quando alguém mexe no corpo delas. Contar que os abusadores não são só homens, também existem muitas mulheres que praticam esse crime. E estimular a denúncia caso aconteça. Quebrar esse mito para que elas não fiquem presas a conceitos e orientar para que contem a alguém da família que ela tenha confiança”, finalizou.
AGORA É LEI
A presidenta Dilma Rousseff sancionou integralmente na última quinta-feira (1°/08), sem vetos, a lei que obriga os hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) a prestar atendimento emergencial e multidisciplinar às vítimas de violência sexual. O projeto que deu origem à lei foi aprovado pelo Senado no começo de julho.
De acordo com a lei, a vítima de violência sexual deverá receber no hospital o amparo psicológico necessário e o encaminhamento para o órgão de medicina legal e o devido registro de boletim de ocorrência. Os profissionais de saúde que fizerem o atendimento deverão facilitar o registro policial e repassar informações que podem ser úteis para a identificação do agressor e para a comprovação da violência sexual.
O atendimento a vítimas de violência deve incluir o diagnóstico e tratamento de lesões, a realização de exames para detectar doenças sexualmente transmissíveis e gravidez. A lei também determina a preservação do material coletado no exame médico-legal.
Fonte: Ururau