Cerca de 600 representantes de Centrais Sindicais compareceram ao calçadão Boulevard Francisco de Paula Carneiro, no Centro de Campos, para dar continuidade às mobilizações pelo Dia Nacional de Luta na tarde desta quinta-feira (11/07). Atos públicos aconteceram em vários estados desde as primeiras horas do dia.
Diante a aglomeração de pessoas, algumas lojas do calçadão e da Rua João Pessoa optaram por encerrar o expediente mais cedo. Três agências bancárias ficaram fechadas no calçadão: a do Santander e duas do Itaú.
A mobilização reuniu sindicalistas do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Campos (Siprosep), Movimento Sem Terra (MST), Sindicato dos Bancários do Norte e Noroeste Fluminense, além dos Cabruncos Livres, Sindicato dos Petroleiros (SindipetroNF), entre outras entidades.
Os manifestantes reivindicaram melhorias trabalhistas e questões nacionais, além do PL 4330 que trata de terceirização dos serviços, o fim do fator previdenciário, reajuste digno para os aposentados, mais investimento na saúde, educação e segurança, transporte público de qualidade, fim dos leilões do petróleo e a reforma agrária.
No início da noite os manifestantes caminharam pelas ruas da cidade até chegarem a BR-101, e fazendo um cordão humano, fecharam a rodovia por cerca de 15 munitos. Eles também seguiram pela Avenida Nilo Pessanha e foram para frente da Prefeitura, no Parque Santo Amaro, onde um efetivo de 40 policiais militares, divididos na parte interna e externa do prédio reforçaram a segurança com o auxilio de nove viaturas, além da presença da Guarda Civil Municipal. Após alguns munitos os manifestantes se dipersaram pondo fim ao ato.
CULTURA COMO FOCOOutro assunto que foi às ruas de Campos nesta tarde, mas precisamente às 17h, foi levado pela classe artística do município, na Praça do Santíssimo Salvador. Eles protestaram contra o cancelamento da peça teatral do Nelson Rodrigues, "Bonitinha, mas ordinária", de Nelson Rodrigues, por parte da Prefeitura.
Para o diretor teatral, Antônio Roberto Kapi, a censura foi uma falta de respeito a memória de Nelson Rodrigues e sua obra. “Se houve isso por parte da prefeitura a controversas, o fato é que a peça foi tirada de cartaz e cancelada. Além disso, tem uma série de coisas que está causando descontentamento da classe artística como a falta de incentivo que antes tínhamos, mas agora não vemos mais. E isso é um absurdo pois Campos já foi a principal cidade em termos de teatro do interior do estado, e hoje em dia você não vê mais isso por aqui”, lamentou.
Em seguida os artistas seguiram em caminhada para frente do Teatro Municipal Trianon, onde foram realizadas leituras de alguns trechos das obras de Nelson, em resposta a atitude da censura. O superintendente do teatro, João Vicente Alvarenga, explicou por meio de nota que:
"Cumpre-nos informar que não há nenhuma verdade nas alegações do grupo teatral 8 de Paus. O fato é que, em reunião de rotina com diretores e a presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, observei que a peça “Bonitinha, mas ordinária” apresentava inconsistência na documentação apresentada, sugerindo sua análise posterior para aproveitamento no cronograma do Departamento de Literatura da Fundação Cultural, na medida em que não havia compromisso consolidado em contrato.
A prefeita Rosinha não teve acesso à agenda de agosto do Teatro Trianon, que não se encontrava fechada e, portanto, não se posicionou a respeito de seu conteúdo. Cabe ressaltar que a administração pública é laica e que o fato da Prefeita ser evangélica não nos impediu de pontuar os atos culturais de forma múltipla, diversa e respeitosa, apoiando realizações como a do Carnaval, grupos de Jongo e Mana Chica (manifestações afroreligiosas), festas tradicionais da Igreja Católica ou eventos por esta religião promovidos, como a da Jornada Mundial da Juventude, entre tantas outras.
Para nós, tanto Nelson Rodrigues, como qualquer outra expressão do teatro, da literatura, das artes em geral, tem sua importância. Entendemos que a palavra ganha no teatro conotações múltiplas através do jogo metafórico que se instaura em cena.
Recebemos no Trianon a comédia “Hermanoteu na terra de Godah”, que conta a história de Hermanoteu, típico hebreu do ano zero, companheiro, bom pastor e obediente. Ele recebe a missão divina de guiar seu povo à terra de Godah, numa sátira à história bíblica de Moisés. A pré estreia de "Maria do Caritó", protagonizada pela atriz Lilia Cabral e tantas outras obras importantes e consagradas, independente de referências religiosas, ganharam espaço. Tal fato nos conduz à seguinte reflexão: o verdadeiro preconceito e a intolerância podem estar se apresentando de forma invertida".
Fonte: Ururau