
Faltava menos de um mês para a chegada da primeira filha. Mas, a alegria se transformou em desespero.
É o drama vivido pelas gestantes de Italva. Cidade de 14 mil habitantes, no Noroeste do Estado do Rio. Para conseguir a cesariana na rede pública, afirmam elas, só com autorização do prefeito, Joelson Soares, do PDT.
Nas guias médicas, aparecem as assinaturas dele, do ex-secretário de saúde, Pedro Soares, primo de Joelson e da atual secretária, Isabel Fernandes.
Os documentos tinham todos os dados das grávidas, inclusive o número do título de eleitor. O Cartão Nacional de Saúde, identificação dos pacientes do Sistema Único de Saúde, está em branco em alguns fichários.
O pai de uma das gestantes afirma ter recebido a liberação das mãos do prefeito.

As cirurgias eram feitas no único hospital de Italva, que mantinha convênio com a prefeitura. Segundo as pacientes, quem chega em trabalho de parto, sem autorização do prefeito, conta com a sorte de ter vaga na enfermaria. Mas se tudo já houver sido acertado antes, aí a história muda e as regalias estão garantidas.
Depois do parto, as mães ficavam internadas em quartos de luxo, com direito a banheiro privativo, cama elétrica, acomodação para acompanhante, ar-condicionado e armário.
A máfia do parto teria começado desde que o prefeito assumiu, há quase dois anos. O esquema também contaria com a participação de vereadores. Uma gestante que aceitou usar um microfone escondido foi até a Câmara Municipal tentar marcar um parto. O vereador Aldione Peres, do PSC, conversa com ela.
Sem título de eleitor da cidade, a negociação não vai pra frente.
A equipe da INTER TV tentou uma entrevista com o vereador. Na prefeitura, a equipe também não foi atendida.
O quarto mostrado na reportagem é de gestantes que conseguiram a autorização do prefeito. Ele custa R$ 1.500 ao SUS. As grávidas sem a autorização do prefeito ficam na enfermaria. A produção da INTER TV conversou com o prefeito de Italva. Ele disse que não vai se pronunciar. Somente do advogado dele falaria. A equipe ligou para o advogado do prefeito. Ele está em um congresso em Santa Catarina e o celular dá desligado.
A equipe da INTER TV também entrou em contato com os vereadores citados na denúncia, mas ninguém foi encontrado.
O Ministério da Saúde informou que a rede pública é proibida de recusar qualquer atendimento, independentemente de onde a pessoa mora ou vota.
Denúncias devem ser feitas a ouvidoria do SUS, pelo telefone 136.
Confira no vídeo a entrevista com o advogado Maxuel Barros Monteiro.
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