sexta-feira, 22 de junho de 2012

Grávidas de Italva denunciam: garantia de cesária, só com autorização do prefeito


Denúncia de mães da cidade de Italva. Para garantir uma cesariana, gestantes do município precisam de uma autorização que segundo elas, não vem de um médico. Precisa partir do prefeito ou dos vereadores. Em troca, as mães precisam fornecer o número do título de eleitor.


Faltava menos de um mês para a chegada da primeira filha. Mas, a alegria se transformou em desespero.


É o drama vivido pelas gestantes de Italva. Cidade de 14 mil habitantes, no Noroeste do Estado do Rio. Para conseguir a cesariana na rede pública, afirmam elas, só com autorização do prefeito, Joelson Soares, do PDT.


Nas guias médicas, aparecem as assinaturas dele, do ex-secretário de saúde, Pedro Soares, primo de Joelson e da atual secretária, Isabel Fernandes.


Os documentos tinham todos os dados das grávidas, inclusive o número do título de eleitor. O Cartão Nacional de Saúde, identificação dos pacientes do Sistema Único de Saúde, está em branco em alguns fichários.


O pai de uma das gestantes afirma ter recebido a liberação das mãos do prefeito.


As cirurgias eram feitas no único hospital de Italva, que mantinha convênio com a prefeitura. Segundo as pacientes, quem chega em trabalho de parto, sem autorização do prefeito, conta com a sorte de ter vaga na enfermaria. Mas se tudo já houver sido acertado antes, aí a história muda e as regalias estão garantidas.


Depois do parto, as mães ficavam internadas em quartos de luxo, com direito a banheiro privativo, cama elétrica, acomodação para acompanhante, ar-condicionado e armário.


A máfia do parto teria começado desde que o prefeito assumiu, há quase dois anos. O esquema também contaria com a participação de vereadores. Uma gestante que aceitou usar um microfone escondido foi até a Câmara Municipal tentar marcar um parto. O vereador Aldione Peres, do PSC, conversa com ela.


Sem título de eleitor da cidade, a negociação não vai pra frente.


A equipe da INTER TV tentou uma entrevista com o vereador. Na prefeitura, a equipe também não foi atendida.


O quarto mostrado na reportagem é de gestantes que conseguiram a autorização do prefeito. Ele custa R$ 1.500 ao SUS. As grávidas sem a autorização do prefeito ficam na enfermaria. A produção da INTER TV conversou com o prefeito de Italva. Ele disse que não vai se pronunciar. Somente do advogado dele falaria. A equipe ligou para o advogado do prefeito. Ele está em um congresso em Santa Catarina e o celular dá desligado.


A equipe da INTER TV também entrou em contato com os vereadores citados na denúncia, mas ninguém foi encontrado.


O Ministério da Saúde informou que a rede pública é proibida de recusar qualquer atendimento, independentemente de onde a pessoa mora ou vota.


Denúncias devem ser feitas a ouvidoria do SUS, pelo telefone 136.


Confira no vídeo a entrevista com o advogado Maxuel Barros Monteiro.

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