segunda-feira, 9 de março de 2015

Ascensão, apogeu e queda: o triste fim da história do futebol Itaperunense



O descaso e o abandono encerraram definitivamente um período importante da história esportiva de Itaperuna. Em ruínas, o Estádio Jair de Siqueira Bittencourt, em pouco tempo,  passará a ser o cenário fantasma de  um lugar onde  gerações de famílias de torcedores e amantes do futebol se encontravam religiosamente. Pouco tempo, mesmo,  já que o terreno de todo o estádio foi loteado e colocado à venda. O endereço privilegiado, próximo ao Hospital São José do Avahy, certamente vai atrair muitos compradores.

Dívidas, falta de patrocinadores, falta de funcionários e atletas (profissionais e amadores) e nenhum tipo de apoio dos órgãos governamentais ,  são alguns dos inúmeros problemas que levaram ao fechamento do estádio.

O “Jairzão”,  carinhosamente assim apelidado pelos torcedores, foi palco de grandes partidas com times de renome nacional: Flamengo, Vasco, Botafogo, Fluminense,  América, Bangu, Goytacaz, Americano, Clube do Remo, Sport Club do Recife, dentre tantos outros, fizeram partidas memoráveis contra o Porto Alegre e depois, contra o Itaperuna (resultante da fusão dos clubes Comércio e Indústria Atlético Clube, Unidos Atlético Clube e Porto Alegre Futebol Clube). Me lembro com carinho, saudosismo e paixão da partida entre o “meu Flamengo” e o Itaperuna Esporte Clube. Meu pai e seu inseparável rádio de pilha, (sintonizado na Rádio Itaperuna Am ), artigo indispensável dos torcedores fervorosos, meus irmãos e eu devidamente uniformizados nos trajes rubro­-negros… uma emoção indescritível que, bem provavelmente,  jamais será vivida pelas gerações atuais.

É o triste fim de uma era. É mais um caso de abandono que deixa os  itaperunenses carentes de lazer e diversão. As crianças  crescerão sem o prazer de presenciar , ali no calor da arquibancada, o momento mágico do futebol: o gol do seu time preferido. O clube pode até ressurgir, espera-se que sim, mas, o templo sagrado do futebol local, sucumbe diante do desmazelo e dos interesses financeiros. É como assistir ao fim de um ente querido. E é… um ente querido, em seus suspiros finais.

No “Jairzão”, calam­-se, de vez,  as vozes. O grito do último gol em partidas oficiais ainda ecoa nas arquibancadas, agora  vazias e adoecidas, em estado terminal. Na garganta das gerações atuais, esse grito ficou sufocado. A bola não rola mais nos gramados e nem balança as redes. O último a sair, apague os refletores e lance de vez sobre a vida esportiva de Itaperuna as sombras de um passado de abandono e descaso. Nenhuma novidade para uma cidade em que monumentos, casas antigas e outras referências históricas não são preservadas, passam a ser fotografias  e servem apenas para enfeitar algumas paredes, pois, nem um museu digno deste nome, a cidade tem. Itaperuna, de Caminho da Pedra Preta, passa a ser, Caminho da Desmemória.

Por Dariany Silgom