terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Município de Campos já vive um surto epidêmico de dengue


O município de Campos já vive um surto epidêmico de dengue. A informação foi dada pelo diretor do Centro de Referência da Dengue (CRD), Luiz José de Souza com exclusividade ao Site Ururau. “Agora é uma questão de tempo para termos uma epidemia em toda a cidade. No entanto, quem vai decidir se há epidemia ou não em Campos, é o Estado”, afirmou o médico na tarde desta segunda-feira (18/02), em entrevista cedida na sede da Secretaria Municipal de Saúde.
De acordo com ele, a situação é preocupante, pois o número de casos está com um amento progressivo em todo município. “Acabou o verão, a população voltou pra cidade, e com isso os casos aumentaram. Houve um amento abrupto no número de casos, e depois do carnaval aumentou mais ainda”, justificou. Balanço feito na última semana confirmou 849 casos da doença, sendo 6 do tipo hemorrágico.
Segundo o diretor, somente nesta segunda, o CRD atendeu mais de 400 pacientes, a maioria com quadro clínico de dengue. “Então disso ai nós tiramos um parâmetro de que realmente, a situação, já esperada por todos, está bastante delicada. Dessa forma, estamos traçando estratégias para conseguir absorver o atendimento à população”, adiantou.
Na tentativa de atender toda demanda populacional do município, equipes da saúde se reuniram para resolver a situação. Segundo Luiz José, depois de uma conversa com o secretário de Saúde, Geraldo Venâncio, a saída é tentar colocar um novo CRD, em outro local. “Precisamos de um apoio do estado, porque necessitamos de tenda para hidratação. Um bom local seria o Hospital Geral de Guarus (HGG), que já tem laboratório, mas isso requer tempo”, ressaltou.
O diretor ainda informou que a estrutura física do CRD não suporta tanta gente, pois o Centro possui apenas cinco consultórios e 20 cadeiras de hidratação. “O que nós queremos é que os colegas médicos atendam, mas não encaminhem. A rede tem profissional, mas falta espaço. O ideal é a gente dividir o atendimento pela rede. Na realidade, qualquer UBS 24 horas ou 12 horas, qualquer posto de bairro, todos esses locais tem condições de atender esses pacientes. O vírus atual se trata de uma virose violenta, porém menos grave dos outros sorotipos e que pode ser tratado em qualquer lugar, porque o mais importante é a hidratação”, recomendou.
PLANO DE CONTINGÊNCIA: SAÍDA OU ESTRATÉGIA?
De acordo com o superintendente de Saúde Coletiva da Secretaria de Saúde, Charbell Kury, o plano de contingência é uma estratégia de guerra, onde há o plano A, B e C contra a dengue. Ainda segundo ele, o plano será posto em prática por conta das outras situações e oportunidades que virão pela frente.
“A gente ainda não formalizou a epidemia porque estamos aguardando informações da Secretaria Estadual de Saúde. E há sempre um atraso sistemático nas informações. Pra eu gerar uma epidemia é preciso ter mais de 1.800 casos. Por isso estamos alertando agora, porque sabemos que temos um surto aqui, mas para eles está tudo calmo, por conta do atraso”, explicou Charbell.
FALHA NA PREVENÇÃO GEROU CAOS EM TODO O PAÍSSegundo o diretor do CRD, toda prevenção, para combater os focos do mosquito transmissor do Aedes aegypti, falhou, pois o país não possui infraestrutura suficiente para o caso. “A situação de saneamento básico, habitação e a parte cultural também são outros fatores. A prevenção da dengue infelizmente não funciona no Brasil. Agora o que temos de priorizar é a assistência”, enumerou Luiz José concluindo:
“Agora é a hora de toda sociedade (população e órgãos públicos) se envolver nessa luta para tentar diminuir o número de foco do mosquito, porque a doença já se espalhou. Então é uma luta muito difícil, pois estamos lidando com um vírus onde todo mundo é vulnerável”.

KELLY MARIA/Ururau