segunda-feira, 15 de junho de 2015

Mãe diz que filho de apenas 14 anos foi morto a pauladas e pedradas por ser homossexual


Rafael Barbosa de Melo, morto a pedradas, foi sepultado no cemitério público de Itaenga, em Cariacica – Editoria: Polícia – Foto: Guilherme Ferrari – NA/Foto: Reprodução - Rafael Barbosa de Melo
A Polícia Civil prendeu, no final da manhã deste domingo 14/06, o homem apontado como o assassino do estudante Rafael Barbosa Melo, 14 anos, morto a pedradas e pauladas, no último sábado 13/06, no bairro Santa Catarina, em Cariacica.

Um equipe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e o delegado de plantão, Rodrigo Sandi Mori, estiveram no bairro onde ocorreu o crime e conduziram um irmão do padrasto (tio) do garoto para a delegacia. O suspeito morava com a família há dois meses.

A polícia ainda realiza levantamentos sobre o caso, mas as primeiras informações e indícios apontam que ele possa ser o autor do crime.

O jovem era aluno do 7º ano do Ensino Fundamental e tinha o sonho de se tornar um famoso estilista

A oração do Pai Nosso quebrou o silêncio ao redor do caixão simples que guardava o corpo do estudante Rafael Barbosa Melo, 14 anos, morto a pedradas e pauladas, em Cariacica, durante o sepultamento. O garoto foi enterrado, na manhã deste domingo 14/06, na presença de poucos familiares e vizinhos, no cemitério municipal Jardim da Saudade, em Nova Rosa da Penha, Cariacica.
menino enterroO corpo foi encontrado por volta das 8 horas. De acordo com a família, Rafael tinha o costume de sair cedo de casa para tomar café na casa da avó, há duas quadras de distância.
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Angústia no peito

Antes do túmulo ser fechado, o padrasto do estudante, o pedreiro Rogério Miranda, 34 anos, chegou a jogar um punhado de terra sobre o caixão. Para ele, era um sinal de despedida do garoto com quem convive há 12 anos. O estudante vivia tinha dois anos e a irmã era recém-nascida quando a mãe passou a morar com Rogério. “Eu o criei como pai”, diz o padrasto que diz que pressentiu algo ruim.

Como era a sua relação com o Rafael?
Eu o criei como se fosse filho. Eu trabalho, dou tudo pra eles.
Quando foi a última vez que você viu ele?
Eu estava com um angústia no peito. Passei no quarto e vi o Rafael dormindo torto, com a cabeça virada. Até falei com minha esposa que desse jeito o sangue ia todo pra cabeça e ele ia acabar morrendo, assim. Fui lá e ajeitei ele na cama e voltei a dormir. Acordei lá pras 6 horas e num vi ele na cama.
Como o senhor deu falta do Rafael?
Ele costuma ir pra casa da avó às 7 horas, sempre falava que ia na casa da vó. Mas eu disse que não era para ele ir, pois tinha muita gente que implicava com o Rafael. Não queria que ele fosse sozinho. Mas, no sábado, ele saiu mais cedo, não avisou nada.
Ele já sofreu ameaças?
Não tô sabendo disso. Mas sei que ele era muito criticado pelo jeito dele. Rafael gostava muito de costurar em casa, mas eu disse a ele para parar um pouco pois precisa se dedicar à escola.
Como você soube da morte dele?
Eu olho sempre as crianças na cama, à noite, pois eu fico preocupado. Mas na noite de sábado eu senti algo no peito. Eu acordei 5:10h e não vi meu filho. Mas depois ouvi os vizinhos dizendo que tinha um morto no bairro, fui lá olhar e conheci o cabelo e a cueca dele, descobri que era meu filho.
Como era o Rafael?
Era um menino dócil, sempre educado e obediente.
Fotos: Guilherme Ferrari/Gazeta On Line

Relembre o caso:

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Para a mãe de Rafael, a morte do rapaz pode ter sido motivada por homofobia:
Aluno do 7º ano do Ensino Fundamental, 14 anos, o mais velho de sete filhos, morador de Santa Catarina, Cariacica, e dono de um sonho, ser um estilista famoso. Assim era o estudante Rafael Barbosa de Melo, morto a pedradas e pancadas, no início da manhã deste sábado (13), no bairro onde residia com a família.
Para a mãe de Rafael, a morte do rapaz pode ter sido motivada por homofobia. “Muitas pessoas implicavam com ele, caçoavam e o xingavam. Implicavam com o jeito dele andar e por ele fazer roupas. Ele sofria muito, por isso meu filho era uma pessoa de poucos amigos e muito fechado. ”, descreve a mãe, a dona de casa Wanderléia Barbosa, 33 anos. O corpo do rapaz foi encontrado por volta das 7h30 de sábado, por vizinhos. O rapaz havia saído de casa às 6h30 para tomar café na casa da avó que mora a algumas ruas de onde residia. No local do crime, os peritos recolheram um bloco grande de concreto (parte de uma viga de construção) e pedaços de madeira. Não foi possível afirmar se houve a participação de mais de uma pessoa no crime. Peritos da Polícia Civil estiveram no local e constataram que Rafael apresentava lesões nas costas provocadas por um pedaço de madeira. O jovem também teve o crânio esmagado por um pedaço de concreto que foi arremessado em sua cabeça. Muitos moradores assistiram ao trabalho da perícia e demais policiais, porém ninguém disse ter ouvido gritos ou mesmo percebido qualquer situação suspeita no horário aproximado do crime. Policiais da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) estiveram no local e fizeram os primeiros levantamentos sobre o crime. O caso foi encaminhado para a Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCVV) de Cariacica.
Fotos:Edson Chagas - Fonte: Gazetaonline